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Cartão de crédito, o anti-herói das finanças

Foto do escritor: Samuel BarbiSamuel Barbi


Todos nós estamos familiarizados com heróis, personagens que se sacrificam integralmente em benefício dos outros. Superam todos os problemas para ajudar os demais, custe o que custar.


Os vilões, por sua vez, são personagens cheios de maldade e discórdia. Movidos pelos seus próprios e egocêntricos objetivos, causam o mal sem se importar com suas consequências e, até com um grau de sadismo, desejando ver o fogo no parquinho.


Mas há um arquétipo que me agrada além do normal. São os anti-heróis, figuras que ficam em uma área cinzenta entre o bem e o mal. São mais humanos, pois em alguns momentos têm ações muito reprováveis, mas em outras condições são encantadores. Carregam ao longo das histórias características de pecado e de redenção.


Há quem considere os cartões de crédito como vilões das finanças pessoais e preguem que eles devem ser recortados e não figurar nas casas das famílias. Entendo o raciocínio dessas pessoas, afinal carregam características perigosas como:


· Taxas de juros absurdamente altas

Em rápida pesquisa no site do Banco Central é possível verificar que a taxa de juros média cobrada no rotativo do cartão para as instituições financeiras listadas era de 401,2% e as de parcelamento em 185,8% ao ano em janeiro de 2022. Lembrando que a Selic, taxa básica de juros, atualmente está em 9,25% ao ano.


· Multas

Os bancos cobram multas e mora quando o cliente não paga sua fatura até a data de vencimento. Em geral essas penalidades podem chegar a 3% do valor devido ao mês. E uma coisa importante, são cobradas independentemente da quantidade de dias de atraso. Atrasou, pagou.


· Elevados Limites

Muita gente entende o limite dos cartões como uma ampliação da própria renda. Mas, uma hora a fatura chega e a realidade também. Limites altos podem ser um passo arriscado para o descontrole financeiro e conduzir a um endividamento considerável em juros elevados, receita muito perigosa para o seu bolso. Portanto, cuidado com limites acima de seu salário mensal.


· Risco de Parcelamento

O parcelamento de compras é uma tentação, mas um baita risco. Os pagamentos das parcelas se misturam com novos gastos, dificultando seu controle financeiro.


· Altas Anuidades

Seduzidos pelas instituições financeiras e pelas vantagens oferecidas pelos cartões, as pessoas aceitam propostas para tê-los e muitas vezes se esquecem de avaliar o valor das anuidades. E acredite, esses custos podem ser bem altos, especialmente para quem não tem o costume de revisar as faturas. Negocie sempre esses valores, eles podem ser zerados a depender de seu perfil de consumo e relacionamento com o banco.


Outras pessoas podem os considerar heróis das finanças, do conforto e da comodidade, afinal, carregam características muito positivas, como:


· Crédito gratuito se pago em dia

Se o cartão for pago sempre em dia e as anuidades negociadas em valor zero, não há nenhum prejuízo ao usuário, apenas vantagens. É possível ter um controle efetivo de cada uma das despesas efetuadas e saber precisamente com o que e quanto se gastou no mês.


· Pontuação e milhas

Há quem pense que pontuação e milhas são a última bolacha do pacote. Realmente é bom para quem tem controle financeiro e concentra suas despesas em um único cartão de crédito de alta pontuação, eu mesmo faço isso e tenho ótimos resultados.


· Concierge

Serviços de concierge são bem cômodos, seja para reservar passagens, hotéis, restaurantes, indicar passeios e atrações turísticas, ideias de presentes. Já utilizei algumas vezes e sempre fui muito bem atendido.


· Seguros de viagem

Em muitas viagens internacionais, especialmente para a Europa, há a necessidade de se contratar um seguro que cubra as condições do Tratado de Schengen (Cobertura mínima de 30 mil euros). Alguns cartões disponibilizam seguros nessas condições gratuitamente, desde que as passagens sejam compradas com os cartões. Esse benefício pode valer algumas centenas de reais.


Em minha opinião, os cartões de crédito são típicos anti-heróis. Se no desenrolar da história agirem pelos próprios interesses ou influenciados pelos caras maus, podem causar muito estrago. Caso contrário, podem ser essenciais para um grande desfecho.


Dou um pequeno exemplo: Uma compra de R$1.200 que tenha à vista o mesmo valor se parcelada. Se você tem esse dinheiro aplicado no Tesouro Selic, ao dividir a compra em 12 meses sem juros e pagando todas as parcelas em dia é possível obter cerca de 6% de rentabilidade sobre o montante total. Isso funcionaria como um desconto no valor do produto. Além disso, pode-se acumular pontos no cartão que podem ser trocados por viagens, produtos ou mesmo vendidos. Agora pense no caso inverso, em que as parcelas não sejam pagas em dia, somando-se os juros médios do rotativo, do parcelamento da fatura e das multas incorridas. Ao fim de um ano, os mesmos 1.200 reais teriam se tornado R$5.325,21, um valor quase 3,5 vezes superior ao custo do produto.


Nossa identificação com anti-heróis é muito natural. Isso porque eles são como nós, carregam qualidades e defeitos. São incompreendidos, complexos e cheios de dúvidas. Acertam e falham. Talvez por isso que os cartões de crédito causem tanta repulsa para alguns e encantamento para outros. Use-os evitando seus pecados capitais aproveitando seu potencial para construir sua própria redenção financeira.


31/01/2022


Samuel Barbi

Mentoria Financeira

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